Os Sabores (e saberes) de Outono
Apesar de ter chegado sorrateiramente há uns pares de semanas atrás, o Outono começa agora a ganhar cada vez mais força, fazendo-se ouvir a cada sopro de vento, e marcando a sua presença com uma frescura das suas chuvas. As paisagens outrora verdes vestem agora uma roupagem diferente, na qual os tons dourados parecem ser a nova tendência da estação. A noite apressa o passo e deixa para trás os saudosos dias (quase) intermináveis de Verão. No passado ficam também as comidas frescas e leves, dando lugar aos aconchegantes sabores que nos aquecem o corpo e nos deliciam a alma. E se há povo que sabe tirar partido do melhor que o Outono tem para oferecer é o povo português, com tradições, costumes e festividades que espelham a forma como abraçamos vivamente esta nova época.
Castanhas – Quentes e boas!
Depois de meses a fio envolvidas nos seus espinhosos – e um tanto curiosos – ouriços, é durante o Outono que as castanhas amadurecem e se tornam um dos sabores mais cobiçados da época. Em torno deste fruto sazonal acontecem as populares tradições do magusto relacionadas com o Dia de São Martinho: 11 de novembro. Nesta data, de norte a sul do país, miúdos e graúdos reúnem-se em torno da fogueira, onde crepita a lenha que assa vagarosamente as castanhas, estas que são o pretexto perfeito para longas horas de convívio e animação. Contudo, se perder esta data, lembre-se que ao longo de toda a estação a presença dos típicos vendedores de castanhas pelas ruas das cidades se faz marcar pelo rasto de fumo que sai dos seus carrinhos. E como é bom comer um cartucho de castanhas acabadinhas de fazer!
Da vinha ao vinho
Após meses de afincada dedicação ao cultivo das uvas, que brotam das parreiras nas diversas regiões vitivinícolas e enchem de expectativas os produtores de vinho, o Outono marca um período no qual se provam os primeiros sabores e aromas. Resultado das vindimas, que mobilizam anualmente milhares de pessoas por ofício ou por mero lazer, começam-se a degustar os vinhos jovens, engarrafados logo após a sua fermentação e de características irreverentes, que os distinguem de vinhos mais envelhecidos. Ideais para acompanhar com outras iguarias outonais, como é o caso das castanhas e de outros frutos secos, os vinhos refletem a essência dos territórios, espelhando a combinação de uma série de fatores que moldam o seu paladar, como o solo ou o clima. Um brinde aos novos vinhos e ao sucesso do cultivo das suas uvas!
Cogumelos, os fungos mais cobiçados
Se associa fungos a algo totalmente indesejado, sugerimos-lhe que pense duas vezes. Exibindo cores e formatos diversos – que parecem testar a criatividade da própria natureza -, os cogumelos embelezam a paisagem e anunciam o aproximar de dias chuvosos, nos quais o frio ainda não mostra a sua severidade. Formosos e deliciosos, são o petisco perfeito se procura alimentos baixos em calorias e ricos em nutrientes. Mas não se deixe enganar pelas primeiras impressões! Nem todos os cogumelos são comestíveis, alguns podem até ser venenosos, característica que permite a estes fungos defender-se contra alguns predadores na natureza. Antes de colher os seus cogumelos, certifique-se dos níveis de toxicidade dos mesmos.
Dá Deus nozes…
A queda das folhas das árvores caducifólias, como é o caso das nogueiras, é um espetáculo natural que simboliza a preparação para dias mais frios que se avizinham, um sistema de defesa e de poupança de energia que transforma as paisagens em cenários dignos de filme. A queda das nozes é o resultado dessa mesma transformação que coincide com a fase de amadurecimento deste fruto tão cobiçado pelas suas propriedades, sendo fonte de vitaminas, minerais e antioxidantes. Em diversos pontos do país, durante esta época, ganham destaque algumas feiras dedicadas às nozes, o que revela o seu destaque na gastronomia nacional.
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