Recentemente, partimos à aventura e explorámos uma das florestas mais fascinantes do mundo: a Laurissilva da ilha da Madeira. Como se a saborosa poncha, as pitorescas casas de Santana e as destemidas descidas em carrinhos de cesto não fossem razões suficientes para visitar a região, o encantador ecossistema da Laurissilva é um verdadeiro tesouro natural, composto por várias espécies de árvores nativas, entre as quais se destacam o loureiro (Laurus nobilis), o azereiro (Prunus lusitanica) e a adelfeira (Rhododendron ponticum).
A Floresta Laurissilva proliferou na Europa antes da última glaciação (glaciação de Würm, há mais de 20 mil anos), quando o clima era quente e húmido. No entanto, este evento climático não passou despercebido e alterou as condições climáticas – tornando o clima mais frio e seco – e levando quase à extinção a Floresta Laurissilva.
Atualmente, restam apenas alguns refúgios naturais da Laurissilva nas ilhas da Macaronésia, que incluem os arquipélagos da Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde.
Analisando este ecossistema na ilha da Madeira – a maior e mais bem conservada área desta floresta, beneficiada pela abundância de água e humidade – a Floresta Laurissilva encontra-se organizada em três comunidades distintas, de acordo com os diferentes “estratos” bioclimáticos: Laurissilva do barbusano (Apollonias barbujana), Laurissilva do til (Ocotea foetens) e Laurissilva do vinhático (Persea indica).
Algumas evidências da Floresta Laurissilva em Portugal Continental
Em Portugal Continental, com muita pena nossa, não existe nenhum refúgio da Laurissilva. Contudo, existem locais que evidenciam várias espécies-relíquia, resultantes de condições microclimáticas muito especiais existentes em algumas serras e vales bem encaixados. Entre os locais mais notáveis destacam-se as serras de Sintra, Monchique e Gerês, que abrigam uma biodiversidade rica e peculiar.
Estas zonas montanhosas combinam um clima ameno e húmido com solos férteis, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de uma flora diversa, com destaque para a presença do azevinho (Ilex aquifolium), do medronheiro (Arbutus unedo), do carvalho-de-monchique (Quercus canariensis), da adelfeira (Rhododendron ponticum), da saxifraga (Saxifraga sp.) e da orvalhinha (Drosophyllum lusitanicum).
Relíquias da Floresta Laurissilva no Centro de Portugal
A Serra da Lousã é um dos exemplos mais emblemáticos desta fantástica riqueza natural. Com o seu clima ameno e húmido, é um refúgio perfeito para várias espécies de plantas que encontram aqui condições ideais de crescimento. Entre as espécies-relíquia destacam-se o azevinho (Ilex aquifolium), com as suas folhas verdes brilhantes e frutos vermelhos, e o carvalho-alvarinho (Quercus robur), uma árvore majestosa que pode atingir grandes dimensões.
A Serra do Bussaco contém várias árvores centenárias e monumentais, encantando pela sua vasta história e beleza natural. Trata-se de um ecossistema único e rico em biodiversidade, onde se podem encontrar verdadeiras preciosidades da era pré-glacial salientando-se o loureiro (Laurus nobilis), a til (Ocotea foetens), o vinhático (Persea indica), entre outras.
Outro local de grande interesse é a Serra do Açor. Conhecida pela sua vegetação luxuriante e pela presença de espécies-relíquia das quais se salientam o medronheiro (Arbutus unedo), a urze (Erica arborea), o feto-real (Osmunda regalis) e a orvalhinha (Drosophyllum lusitanicum), uma planta carnívora que surpreende pela sua adaptabilidade e beleza.
A importância ecológica destes refúgios naturais é imensa, não apenas pela preservação das espécies em si, mas também pelo papel que desempenham na manutenção da biodiversidade e no equilíbrio dos ecossistemas locais. Estes habitats são vitais para muitas espécies faunísticas, incluindo insetos, aves e pequenos mamíferos, que dependem destas plantas para alimentação e abrigo.
Para os visitantes, explorar estes locais oferece uma oportunidade única de se conectarem com a natureza e testemunharem a beleza e a diversidade das relíquias da Laurissilva. Na App Geonatour poderá encontrar percursos que atravessam alguns destes locais permitindo testemunhar algumas espécies-relíquia da Floresta Laurissilva. Lembre-se sempre dos cuidados especiais e normas de conduta enquanto caminha e ajude na promoção e divulgação sustentável destes ecossistemas.